Winter is Her(e)
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I have heard for a long time, more than I should have, that “the other does not exist” where in, an egocentric sense of experiencing magic and life, a person could simply close their eyes to everything that happens around them, ignoring not only the pain and feelings of others, but everything that touches their surface, trapped within themselves.
At a certain point I believed that perhaps this pit was the best way to become what we were born to be, as if this were the path to finding in all our self-sufficiency and self-esteem the answer to life and the real power of magic.
But shouting this phrase from the four corners of the world does not change the fact that the wind is real.
Ignoring the wind will not stop it from whipping your face in storms.
But recognizing it as an element that is part of the cosmos, even in a poetic exaggeration, part of you, makes you capable of moving it in your favor.
Not in a way of bending the chains as you please, writing your life in crooked and thorny lines.
The thorns will always exist, but wouldn't it be much better if you learned to dance with the wind?
The other doesn't exist. Because you yourself are the other.
I could spend hours thinking about this subject.
But the synthesis is stronger and more necessary. Because sometimes we need to silence what's inside to understand that what's outside is nothing more and nothing less than the original song that we are echoing within ourselves.
The world has been on the brink of a phenomenal collapse for a long time, caused by humanity's greed, sustained by arbitrary occlusion.
We have chosen not to feel the other.
We have chosen to refuse life as if we were refusing death, becoming nothing less than a postponed corpse.
Ritual Experience:
Cold rage is a feeling that empties your soul and if you are not attuned to the presence, it will empty your stomach too, but if you are not, the urge for justice could very well make you want to regurgitate this world too.
Pure love is a feeling that fills your soul and if you are not attuned to the presence, it will make your stomach gurgle, but if you are not, the urge for experience could very well make you want to devour this world too.
I reflected on this for a few moments…
And then the helping hand approached me and said:
“You only understand this pain and this love because you allow yourself to feel what they feel. You will only understand who I am, when you are what I am.
You must weave to see.”
I felt the other hand, no longer a single one on the crows, but on both my shoulders.
And then I allowed myself to weave with blood and ether, death and life. To see, whatever the message was to be said.
Darkness. Silence. Certainty.
I sat in front of the Lady of the Dead.
She welcomed me at the gates, placing upon me the weight of her sweetness and bitterness.
And she reminded me of the world.
She reminded me of hunger and plenty, of envy and inspiration, of rivalry and admiration, of sadness and joy, of loneliness and companionship.
She reminded me of bombs and burnings. She reminded me of tears and screams. Of the blood of pain.
She reminded me of songs and parties. She reminded me of tears and smiles. Of the blood of love.
The tears join the dye.
Her hair in black flames, also reminded me of mine.
Her face with so many lines like scars, also reminded me of mine.
Her gaze with equal amounts of brightness and darkness, also reminded me of mine.
Her words were mystery, seeds, powers and rebirth. Walking with me side by side.
They would also be my words from now on.
My battle was already won. I know who I am. And I am also the other.
In a gesture of recognition for the battle I had faced until I could reach her, she gave me a badge, which I will carry with ardor and tenderness in my heart forever.
She left behind an effigy of my own smallness, reminding me that I will always be her daughter regardless of the size of the battles, the weight of the sword and the strength of the armor.
I am a seed in her hands, and when this body is gone, I will be the seed in its projection, blooming on the other side.
Eu ouvi por muito tempo, mais do que deveria, que “o outro não existe” onde num sentido egocentrista de vivenciar a magia e a vida, uma pessoa poderia simplesmente fechar os olhos para tudo que acontece ao seu redor ignorando não só as dores e sentimentos alheios, mas tudo aquilo que toca sua superfície, presa dentro de si mesma. Em certo ponto eu acreditei que talvez essa fossa a melhor forma de nos tornarmos aquilo que nascemos para ser, como se esse fosse o caminho para encontrar em toda sua autossuficiência e autoestima a resposta da vida e o poder real da magia.
Mas gritar essa frase aos quatro ventos, não muda o fato de o que o vento é real.
Ignorar o vento, não impedirá que ele fustigue seu rosto nos temporais.
Mas reconhecer ele como um elemento parte do cosmos, até mesmo num exagero poético, parte de você, te torna capaz de movimentá-lo ao seu favor.
Não dobrar as correntes ao seu bel prazer escrevendo sua vida em linhas tortas e espinhentas, os espinhos sempre existirão, mas não seria muito melhor estão se voce aprendesse a dançar com o vento?
O outro não existe. Porque você mesmo é o outro.
Eu poderia passar horas elucubrando sobre o assunto. Mas a síntese é mais forte e necessária. Porque as vezes precisamos calar o que há por dentro para entender que o que há por fora é, nada mais nada menos, do que a canção original que estamos ecoando em nós mesmos.
O mundo tem estado, há muito tempo, há beira de um colapso fenomenal, causado pela ganância da humanidade, sustentado pela oclusão arbitrária. Escolhemos não sentir o outro. Escolhemos recusar a vida como quem recusa a morte, nos tornando nada menos que um cadáver adiado.
Experiência ritual:
A fúria fria é uma sensação que esvazia sua alma e se você não estiver sintonizado com a presença, esvaziará seu estômago também, mas se não o fizer a ânsia da justiça poderia muito bem fazer você querer regurgitar esse mundo também.
O amor puro é uma sensação que preenche sua alma e se você não estiver sintonizado com a presença, fará seu estômago borbulhar, mas se não o fizer a ânsia da vivência poderia muito bem fazer você querer devorar esse mundo também.
Refleti sobre isso alguns momentos…
E então a mão amiga se aproximou e me disse:
“você só entende essa dor e esse amor porque você se permite sentir o que eles sentem. Você só entenderá quem eu sou, quando você for o que eu sou.
Você precisa tecer para ver.”
Eu senti a outra mão, não mais uma única sobre os corvos, mas em ambos meus ombros.
E então eu me permite tecer com sangue e éter, morte e vida. Para ver, seja lá qual fosse a mensagem a ser dita.
Escuridão. Silêncio. Certeza.
Me sentei em frente a senhora dos Mortos. Ela me recebeu nos portões, colocando sobre mim o peso de sua doçura e amargor. E me lembrou do mundo.
Ela me lembrou da fome e da fartura, da inveja e da inspiração, da rivalidade e da admiração, da tristeza e da alegria, da solidão e da companhia.
Me lembrou das bombas e das queimadas. Me lembrou das lágrimas e gritos. Do sangue da dor.
Me lembrou das músicas e das festas. Me lembrou das lágrimas e sorrisos. Do sangue do amor.
As lágrimas se juntam à tintura.
Seu cabelo em chamas negras, também lembravam os meus.
Seu rosto com tantas linhas como cicatrizes também lembrava o meu.
Seu olhar com porções iguais de brilho e escuridão, também lembravam o meu.
Suas palavras eram mistério, sementes, poderes e renascimento. Caminhando comigo lado a lado.
Também seriam essas minhas palavras de agora em diante.
A minha batalha já estava vencia. Eu sei quem eu sou. E eu também sou o outro.
Em um gesto de reconhecimento pela batalha que havia enfrentado até poder chegar à ela, ela me deu uma insígnia, que carregarei com ardor e ternura em meu coração para sempre.
Ela deixou para trás uma efígie da minha própria pequenez, me lembrando que sempre serei sua filha independente do tamanho das batalhas, do peso da espada e a força da armadura.
Eu sou uma semente em suas mãos, e quando esse corpo se for, serei a semente em sua projeção, florescendo no outro lado.